terça-feira, 25 de abril de 2017

Infografia - conceito e história

Conceito 

Infografia é a aplicação da informática à representação gráfica e ao tratamento da imagem; é o conjunto de recursos gráficos (desenhos, diagramas, fotografias, mapas) utilizado na apresentação de informação (infográfico).

Neste projeto, exploraremos a infografia no âmbito do jornalismo. Mário Kanno (2013) utiliza também o termo "jornalismo visual", e o define como "a prática de combinar estrategicamente texto e imagens para melhorar a eficiência da comunicação jornalística". As imagens, nneste caso, Kanno diz que podem ser fotografias, animações, filmes e infográficos.

A gestão e apuração correta de dados é o fator principal para se obter um bom resultado infográfico, e claro, o design também está diretamente envolvido nesta criação. É através dele que tornamos um simples gráfico ou uma simples tabela em uma verdadeira INFOGRAFIA, que é muito mais atrativa e de fácil compreensão.

David McCandless em sua palestra no TEDGLOBAL de 2010 diz seu parecer sobre o design na infografia:

"[...] o design trata de resolver problemas e de providenciar soluções elegantes. E o design de informação trata de resolver problemas de informação [...] Portanto, visualizar a informação pode dar-nos uma solução muito rápida para esse tipo de problema. Mesmo quando a informação é terrível, o seu visual pode ser bastante bonito." (MCCANDLESS, 2010)

O termo infografia é formado por dois conceitos: informação e grafia. O vocábulo grafia vem do termo grafo que significa escritura ou imagem. Assim, a infografia se refere à informação que temos através de símbolos escritos ou imagens. Ela serve para transformar informações e estatísticas em elementos visuais. Um dado complexo que poderia ser de difícil compreensão para algumas pessoas se torna mais simples, pois o ser humano é muito visual, sendo assim, interpretamos os símbolos a partir de nossa percepção. Apesar desta técnica estar a ser muito usada no jornalismo, ela não está restrita somente a este. "Ou seja, sempre que se pretende explicar algo, de uma forma clara e, sobretudo, quando só o texto não é suficiente para fazê-lo de maneira objetiva" (TEIXEIRA, 2007, p. 112 apud MÓDOLO, 2008, p. 20)

Todd Mitchell tem uma perspectiva diferente quanto ao famoso ditado popular: uma imagem vale mais que mil palavras:

"Todos nós conhecemos o ditado "uma imagem vale mais que mil palavras". Em alguns casos, eu realmente acho que isso é verdade, mas em outros casos, você pode considerar que, uma vez que existem realmente tantas maneiras de interpretar algo, você pode acabar com formas infinitas de sugerir determinados dados em certos casos. Desafio que às vezes uma imagem vale uma infinidade de palavras." (MITCHELL, pp. 4)

História

A infografia possui uma linha cronológica de acontecimentos que foram contribuindo para sua permanência até os dias de hoje, mas ela tem origem pré-histórica.

Pré-história - Os primeiros mapas foram criados milênios antes da escrita. Os mapas mais antigos que se conhece foram encontrados na antiga cidade de Çatal Hüyük, na Turquia, e datam de cerca de 6200 a.C., pintados numa parede.

 
Christoph Scheiner - Em 1626, Christoph Scheiner publicou Rosa Ursina sive Sol, contendo uma variedade de diagramas para mostrar sua pesquisa astronômica sobre o sol. Ele usou uma série de imagens para explicar a rotação do sol no tempo (por manchas solares).


William Playfair - Em 1786, William Playfair cria uma variedade de gráficos estatísticos usados até hoje. Seu livro The Commercial and Political Atlas é repleto de gráficos que representam a economia no século XVIII na Inglaterra.


Florence Nightingale - Em 1857, a enfermeira inglesa Florence Nightingale criou informações gráficas para convencer a rainha Vitória a melhorar as condições nos hospitais militares. O principal meio foi o gráfico circular (polar area diagram), uma combinação de gráficos de barras e de pizza empilhadas, descrevendo o número e as causas das mortes durante cada mês da Guerra da Crimeia.


Leonardo da Vinci -  Leonardo Da Vinci tentou entender os fenômenos, mas ele era limitado pelo conhecimento de sua época. Ao longo de sua vida, planejou uma enciclopédia baseada em desenhos detalhados de tudo. Até recentemente o Leonardo da Vinci cientista foi ignorado pelos estudiosos. Realizou autópsias e elaborou desenhos anatômicos extremamente detalhados, tendo planejado um trabalho, inclusive sobre o corpo humano, de anatomia comparativa. Entre 1510 e 1513, estudou fetos, de que resultaram obras que podem ser consideradas como infografias de grande complexidade.


Charles Joseph Minard - Em 1861, Charles Joseph Minard criou um importante infográfico sobre a marcha de Napoleão sobre Moscou.


Harry Beck - Em 1933, Harry Beck projetou o mapa topológico do metrô de Londres. Antes desse mapa de Beck, várias linhas de metrô eram representadas geograficamente, muitas vezes se sobrepondo ao mapa das ruas. Beck percebeu que a localização geográfica era informação supérflua para os passageiros do metropolitano, já que estes queriam saber apenas a ordem e relação das estações entre si, para decidir onde mudar de estação.


Fontes:
KANNO, M. (2013). INFOGRAFE, São Paulo, Editora Infolide, p. 10
MITCHELL, T. (2016). Infographics: Types, Examples, and How Best to Get Started, Boston, Mitchell Creative Group TEIXEIRA, T. (2007). Em MÓDOLO C.M. Infográficos na mídia impressa: um estudo semiótico na revista Mundo Estranho, 2008, Bauru-SP, p. 20
TEDGLOBAL 2010, Palestra de David Mccandless, The beauty of data visualization. <https://www.ted.com/talks/david_mccandless_the_beauty_of_data_visualization/transcript?language=pt> Acesso em: 04/05/2017 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Infografia
https://www.priberam.pt/dlpo/infografia
O termo infografia é formado por dois conceitos: informação e grafia. O vocábulo grafia vem do termo grafo que significa escritura ou imagem. Assim, a infografia se refere à informação que temos através de símbolos escritos ou imagens.

... Via conceitos.com: https://conceitos.com/raccord/
O termo infografia é formado por dois conceitos: informação e grafia. O vocábulo grafia vem do termo grafo que significa escritura ou imagem. Assim, a infografia se refere à informação que temos através de símbolos escritos ou imagens.

... Via conceitos.com: https://conceitos.com/raccord/

sábado, 8 de abril de 2017

Projeto #2 - Tipografia - Memória Descritiva - Processo

            Após a escolha da música, lembramo-nos de um exemplo visto em aula que serviu de inspiração e complementou o que já pensávamos em fazer na composição tipográfica, porém com algumas modificações:

 
Ilustração 1: Exemplo dado em aula

Diferente da imagem acima, em nossa composição, o objeto é quase que inexistente, foi criado para ser apenas uma alusão ao formato de uma cruz de acordo com a disposição das palavras.


 
Ilustração 2: “Cruz”

            As palavras em caixa alta têm o objetivo de fazer relação com a melodia da música e a maneira como o cantor pronuncia essas palavras na canção, com mais ênfase nestas destacadas.
            A frase “O amor é fogo que arde sem se ver” foi trabalhada como se fosse uma chama mesmo; são várias cópias da frase em tons de vermelho e laranja, que remete ao fogo, ao calor, as tonalidades da chama.     
  Tivemos como ideia inicial, fazer um aglomerado de frases para representar o fogo:



Ilustração 3: Ideia inicial do “fogo”
 
            A primeira ideia abaixo não foi utilizada porque nosso objetivo era que a frase fosse legível. Também acreditamos que uma “chama” muito intensa assim remete a algo mais agressivo e doloroso, e não a uma “chama do amor”, como descrito no poema.
  Não utilizamos estas primeiras produções por vários motivos: queríamos trabalhar mais nas fontes, no potencial comunicacional das palavras e trabalhar com o texto todo e não somente com uma parte.

Adaptações do projeto

Frase principal

             Como referido acima, pretendíamos trabalhar mais nas potencialidades das fontes, portanto, não ficamos satisfeitos com o resultado anterior que tínhamos. Então, esforçamo-nos e tentamos aperfeiçoar a primeira ideia do projeto.
            Fizemos algumas variações de cores, formatos de cruz, fontes e diferentes disposições do texto todo na composição. As palavras espelhadas representam o paradoxo presente na letra da música na estrofe: Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer.
 



Ilustração 4: Segunda "Cruz"

          Depois, refletimos sobre o real significado da música, apesar de esta primeira estrofe vir da bíblia, a conotação não precisa ser, necessariamente, religiosa. Ainda que o eu lírico seja dotado de grandes atributos (falar a língua dos anjos), para se sentir verdadeiramente completo, ele precisaria de amor.
             Então transformamos a cruz em uma rosa, porque achamos que representa melhor o amor, como é algo que cresce e vivo.


 

 Ilustração 5: "Rosa"

Texto completo

                Visto que o projeto devia apresenta o texto completo de onde pertence (música, poema e etc.) e depois de chegarmos no ponto que queríamos com a frase principal, cabia pensar, onde e como tornaríamos visível o texto. As primeiras tentativas foram feitas por cima da segunda versão da cruz.

                         
Ilustração 6: primeira tentativa de texto na segunda cruz


   
Ilustração 7: primeira tentativa de texto na segunda cruz.

               Depois dessas tentativas, e depois de adaptarmos mais ainda a frase principal, tentamos diferentes formas de combinar os dois textos, mas não ficávamos satisfeitos com nenhum resultado, porque parecia que os dois elementos não combinavam e não formavam nada visualmente atraente nem significativo.



         Ilustração 8: primeira tentativa de texto na rosa              



Ilustração 9: segunda tentativa de texto na rosa

                  Num terceiro momento, copiamos o texto, e no Adobe Illustrator, tentamos as mais variadas formas de distorcer o texto, principalmente num característica visual semelhante com o de 3D, porque consideramos que combina com o aspeto paradoxal que a música tem.  
       


Ilustração 10: primeira distorção do texto completo    


                                         
 Ilustração 11: segunda distorção do texto completo

                   Consideramos, então, que o protagonismo do projeto tipográfico devia ser a frase que achamos que “marca” a música – na nossa opinião-. Essa marca é tanto estrutural quanto poética, visto que, cria um lirismo diferenciado nessa parte. Portanto, pensamos em deixar o restante da letra presente e visível, mas mesmo assim, pequeno e com pouca opacidade. E foi assim que chegamos no que consideramos o projeto final:



Ilustração 12: Projeto final

Conclusão

              Consideramos que nosso projeto final indica que o amor representado pela “rosa” construída tipograficamente sai ou nasce, até mesmo de algo retorcido e apagado, como uma flor que nasce num terreno inóspito ou um pássaro que sai do ovo.

             Acreditamos que atingimos, ao longo dos dias e das tentativas, o esperado neste segundo projeto de Design e Comunicação Visual. Para além disso, este projeto, que foi feito inteiramente no Adobe Illustrator, nos fez aprender, ainda mais, a usar essa ferramenta.

Projeto #2 - Tipografia - Memória Descritiva - Escolha do texto e pesquisa


Breve histórico e conceito – Tipografia


A tipografia (do gregos typos — "forma" — e graphein — "escrita") é o processo de criação na composição de um texto. O objetivo principal da tipografia é dar ordem estrutural e forma à comunicação escrita. Tipografia também passou a ser um modo de se referir à gráfica que usa uma prensa de tipos móveis.
As primeiras escrituras ocidentais surgiram na Mesopotâmia, na Suméria, no ano 3500 antes da nossa era (Frutiger, 2002). Essas primeiras formas de escrita eram pictogramas, ou seja, eram gravados em tabuletas de argila, em sequências verticais de escrita marcados com um estilete em forma de cunha (escrita cuneiforme).
Surgiram também símbolos que representavam um conceito abstrato ou palavra. A estes damos o nome de ideogramas.
Já no Egito era utilizado desde o ano 3000 a.C. uma escrita complexa chamada de hieroglífica, que se simplificou e levou à escrita hierática (Frutiger, 2002).
 

 Pictogramas

Ideogramas  


Hieróglifos

 

 

             O alfabeto latino apareceu por volta do século VII a.C. Os romanos adotaram 21 dos 26 caracteres etruscos, escrevendo da direita para a esquerda. Mais tarde, passaram a escrever da esquerda para a direita e, após a conquista da Grécia no século I a.C., criaram as letras Y e Z para representarem sons gregos. Com a expansão do Império Romano e a difusão do cristianismo, o alfabeto latino tornou-se a base de todos os alfabetos da Europa Ocidental, até os dias de hoje.

 
                                         Alfabeto fonético grego

                Tipos rudimentares que são pequenos pedaços de metal com letras e símbolos em alto relevo foram inventados pelos chineses. Mas foi somente no século XV que o alemão Johannes Gutenberg inventou os tipos móveis que aperfeiçoou a prensa tipográfica. Esses blocos de metal com letras em alto relevo eram organizados em placas formando palavras. Após organizadas, essas placas eram levadas a uma máquina chamada prensa, que aplicava uma pressão na nas placas contra diversas folhas de papel gerando assim uma sequência de páginas escritas. Essa invenção foi uma revolução que deu início à comunicação em massa.
 
Tipos de Gutenberg


Pesquisa inicial

            A princípio, estávamos à busca de um poema ou de uma poesia para representar nossa composição tipográfica. Como a poesia (do latim poesis, -is, do grego poíesis, fabricação, composição, criação) pode existir em outros componentes além da escrita, como por exemplo em uma paisagem ou até mesmo em um objeto, optamos pelo uso do poema (do latim poema, -atis, do grego poíêma, -atos, trabalho, obra, poema, ficção poética), que óbvio, também é um tipo de poesia e possui o lirismo, mas tem como elemento primordial a palavra.
            Mesmo após a decisão pelo poema, ainda demos uma conferida em algumas músicas para ter certeza de nossa escolha, e acabamos por nos lembrar de uma combinação perfeita de intertextualidade com a música “Monte Castelo – Legião Urbana (1989)” do álbum As Quatro Estações.

Texto escolhido

Monte Castelo Legião Urbana
Ainda que eu falasse a língua dos homens
e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É só o amor, é só o amor;
Que conhece o que é verdade;
O amor é bom, não quer o mal;
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens                                                                                   
e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade;
Tão contrario a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem todos dormem, todos dormem;
Agora vejo em parte, mas então veremos face a face.

É só o amor, é só o amor;
Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua dos homens
e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.



Intertextualidade da música

              Renato Russo, o compositor e cantor, realiza uma intertextualidade do poema de Luís de Camões, “O amor é fogo que arde sem se ver” com trechos dos versículos 1 e 2, livro de I Coríntios, capítulo 13:

1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.  ² E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.”
I Coríntios 13: 1-2

Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

                       Luís de Camões

            A música, com o suporte lírico e bíblico, apresenta várias possíveis definições do amor, e ressalta a importância do mesmo para todos os âmbitos da nossa vida. O poema trabalha também com a figura de estilo do paradoxo, como podemos ver nas duas primeiras estrofes.